Arqueologia do Cinema de Animação
'Arqueologia do Cinema de Animação' é um projeto educativo do Coletivo OraBolas. Após a contemplação do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF), estamos unindo forças para consolidar uma exposição itinerante que irá levar história e animação para escolas do DF. Brinquedos ópticos, pré-cinema, linha do tempo, material didático: essas são nossas palavras-chave.
Sem problemas, um poema de Diane di Prima (livre tradução)
o
primeiro copo quebrado no pátio sem problemas
creme
de leite para vegetais esquecido sem problemas
a
resistente mandíbula de Lewis MacAdam[1]
sem problemas
policiais
desembarcando para assistir dançarinas do ventre sem problemas
sacos
plásticos com gelos derretidos sem problemas
disco
arranhado sem problemas
o
cachorro do vizinho sem problemas
o
entrevistador de Berkeley Barb[2] sem
problemas
acabou
a cerveja sem problemas
entorpecentes
mirradíssimos sem problemas
olhar
de soslaio contemplativos Naropans[3]
sem problemas
pontas
de cigarro nos altares sem problemas
Marilyn
vomitando no vaso de plantas sem problemas
Phoebe
renunciando ao amor sem problemas
Lewis
renunciando à Phoebe sem problemas
privar-se
de filhos sem problemas
cio
sem problemas
cruel
sem problemas
arnica
espalhada pelo tapete de nylon sem problemas
cinzas
e juniper berries[4]
num bowl de osso esbranquiçado sem problemas
perder
a fita mágica sem problemas
perder
a serenidade sem problemas
arrogância
sem problemas
caixas
de latas de cerva e ganhafas de vinho vazias sem problemas
milhares
de copos de isopor sem problemas
Gregory
Corso sem problemas
Allen
Ginsberg sem problemas
Diane
di Prima sem problemas
as
veias de Anne Waldman[5]
sem problemas
o
aniversário de Dick Gallup[6]
sem problemas
o
peyote e o run de Joanne Kyger[7]
sem problemas o vinho sem problemas
coca-cola
sem problemas
começar
pela grama molhada sem problemas
papel
higiênico esgotado sem problemas
extermínio
de poejos[8]
sem problemas
destruição
de grampos de cabelo sem problemas
paranoia
sem problemas
claustrofobia
sem problemas
crescer
nas ruas do Brooklyn sem problemas
crescer
no Tibete sem problemas
crescer
em Chicano Texas sem problemas
dança
do ventre certamente sem problemas
descobrir
tudo sem problemas
desistir
de tudo sem problemas
doar
tudo sem problemas
devorar
tudo que está à vista sem problemas
o
que há na geladeira de Allen?
o
que Anne guarda no armário?
o
que você sabe que você
ainda
não me contou?
Sem
problemas. Sem problemas. Sem problemas.
permanecer
um dia sem problemas
sair
da cidade sem problemas
dizer
a verdade, quase sem problemas
é
fácil ficar acordado
é
fácil decidir dormir
é
fácil cantar um blues
é
fácil entoar um sutra
o
que há de choradeira em tudo isso?
isto
apodrecerá - sem problemas
embalaremos
em caixas - sem problemas
engoliremos
com água, trancaremos no porta-malas,
fugiremos
depressa. SEM PROBLEMAS.
No
Problem Party, poem by Diane di Prima (via
fuckyeahbeatgeneration.tumblr.com).
[1]
Poeta,
jornalista, ativista. Ver também (autobiografia):
http://poetryandpoliticsanautobiography.blogspot.com.br/.
[2]
Jornal
clandestino (1965 a 1980), um dos primeiros influentes da contracultura
sessentista.
[3]
Estudantes
de uma universidade budista americana? Ver também:
[4]
Semente com aparência de berries (frutas
vermelhas).
[5]
Ver
também (ela está na ativa/em ação): http://www.annewaldman.org/publications/.
[8]
Planta com propriedades
vermífugas?
"Algumas
escritoras, apesar de terem seus nomes rapidamente associados à geração beat,
são negligenciadas, pois, na maioria das vezes, assumem apenas a identidade de
“esposas”, “amantes”, “namoradas”, “amigas” ou até mesmo só são citadas como
groupies dos escritores beats. Com um trabalho mais atento, estudiosos como
Knight (1996) investigam a literatura das escritoras beat Joyce Johnson, Edie
Parker Kerouac, Joan Burroughs, Anne Waldman, Denise Levertov, Joanna McClure,
Helen Adam, Jane Bowles, Madeline Gleason, Josephine Miles, Eileen Kaufman e
Elise Cowen. Já Johnson & Grace (2002) lembram de Joanne Kyger, Janine Pommy
Vegas e Anne Waldman. E Lee (1996), em uma coletânea, destaca, dentre vários
poetas, as poetisas Carolyn Cassady e Bonnie Bremser. É interessante notar que,
na parca bibliografia referente às escritoras beat, a poetisa Diane di Prima é a
que aparece com maior frequência."
(art.
Três
vezes marginal: vida e obra de Diane de Prima, Maria Clara Dunck
Santos)
Teaser- Encantadores de Histórias/ Tales’ Encanther
Teaser">http://vimeo.com/70432597">Teaser- Encantadores de Histórias/ Tales’ Encanther
from Coletivo">http://vimeo.com/coletivoorabolas">Coletivo Ora Bolas on Vimeo.https://vimeo.com">Vimeo.>
Direção e animação: Raquel Piantino
Assistência geral: Juliet Jones
Montagem: Rodrigo Paglieri
Trilha sonora original: Claudio Vinicius Fialho
Efeitos sonoros: Tiago Bastos (Tibá)
Direção de arte, cor e arte final: Juliet Jones e Raquel Piantino
Coloristas: Francisco Segundo e Sara Rosa
from Coletivo">http://vimeo.com/coletivoorabolas">Coletivo Ora Bolas on Vimeo.https://vimeo.com">Vimeo.>
Direção e animação: Raquel Piantino
Assistência geral: Juliet Jones
Montagem: Rodrigo Paglieri
Trilha sonora original: Claudio Vinicius Fialho
Efeitos sonoros: Tiago Bastos (Tibá)
Direção de arte, cor e arte final: Juliet Jones e Raquel Piantino
Coloristas: Francisco Segundo e Sara Rosa
Haikus de Allen Ginsberg (tradução livre)
Bebo meu chá
Sem açúcar
Sem discordar.
Cocô de pardal
de cabeça pra baixo
- ah, meu cérebro & ovos.
Cabeceira Maia num
pacífico tronco de argila
- Um dia vou viver em N.Y.
Olho pelo ombro
meu está traseiro coberto
de flores de cerejeira.
Haiku de Inverno
Eu não sabia os nomes
das flores--agora
meu jardim desapareceu.
Estapeei o mosquito
e o deixei escapar
- O que me fez fazer isso?
Lendo Haiku
Sou infeliz,
ansiando pelo Inominável.
Um sapo boia
na jarra de fármacos:
chuva de verão no asfalto.
Na sacada
nos meus shorts;
faróis na chuva.
Mais um ano
que se passa - o mundo
não está diferente.
A primeira coisa que procurei
no meu antigo jardim foi
A Cerejeira.
Minha velha escrivaninha:
a primeira coisa que procurei
em minha casa.
Fantasma de mamãe:
a primeira coisa que achei
na sala.
Parei de me barbear
mas os olhos que olhavam para mim
mantiveram-se no espelho.
O louco
surge dos filmes:
a rua na hora do almoço.
Cidades de jovens
estão no túmulo,
e nesta vila...
Deitada a meu lado
no vazio:
a respiração de meu nariz.
No décimo quinto andar
o cão rói um osso-
Guicho para táxis.
De pau duro em Nova York,
um menino
em San Francisco.
A lua sobre telhado,
minhocas no jardim,
aluguei esta casa.

1) Todas as conversas - "Preciso de uma colher para tomar a sopa" - abrem caminho para a Elipse, tudo que eu falo é haiku.
2) A imagem Ocidental (metáfora aristotélica da equidade) é um haiku comprimido.
3) O estudo das principais formas de elipse, haiku nu, pode ser aplicado no avanço das práticas da metáfora ocidental.
4) Hauku= imagens objetivas escritas sem a interferência da mente resultam inevitavelmente na sensação mental das relações. Nunca tente escrever das relações em si, apenas as imagens que representam tudo que pode ser escrito sobre o assunto.
em Allen's Journals (Fall, 1955).
Originais em inglês via Ginsbergblog.
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